área: 120 m²
equipe: alziro carvalho neto, felipe rio branco,
júlia carreiro e luana balthazar
obra: samuel
fotos: acervo gávea
A Casa dos Tijolos articula a dimensão tectônica e narrativa do construir. Reutilizando tijolos e telhas de uma antiga edificação no interior de Minas Gerais, o projeto recusa a lógica linear da demolição e adota uma abordagem de desmontagem que preserva e reconfigura. Essa escolha não é apenas técnica, mas ética: permite que o edifício original se reinscreva na paisagem por meio de uma espinha dorsal de tijolos reutilizados.
Essa estrutura linear organiza o programa entre espaços sociais e íntimos, ao mesmo tempo em que se apresenta como uma ruína em potência — aberta à continuação de novas narrativas e modos de habitar. A casa opera na fronteira entre permanência e transformação, assumindo o desgaste, o reuso e a adaptação como parte do processo projetual.
Enquanto ensaio arquitetônico, a Casa dos Tijolos se afirma como expressão de uma consciência crítica sobre o impacto da prática contemporânea no território e no imaginário. Se o regionalismo crítico buscava resistir à homogeneização cultural, aqui o gesto avança: trata-se de uma arquitetura que não apenas emerge do lugar, mas que deliberadamente se dissolve nele. A construção deixa de ser fim e passa a ser processo — uma contribuição provisória e revogável à paisagem.